O QUE É A MENTIRA?
- Rita Galindo
- 2 de abr. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de ago. de 2021
“A mentira está presente em qualquer comunidade por ter um efeito de preservação social, sendo um fenômeno central dos relacionamentos interpessoais”.

Olá, meu caro leitor.
Ontem foi o dia 1º de abril – vulgo Dia da Mentira. É comum contar alguma mentirinha, piadas ou fazer algum tipo de brincadeira com os amigos, colegas de trabalho ou faculdade, familiares mais próximos, etc. Porém, por ter um dia em que se comemora a mentira, fica aqui a indagação: o que é a mentira para o ser humano?
De acordo com o Dicionário Online de Português, mentira é uma “afirmação que não condiz com a verdade nem com a realidade”. Matias et al (2015) declaram que “mentir é um processo psicológico pelo qual o indivíduo deliberadamente tenta convencer outra pessoa a aceitar aquilo que o próprio indivíduo sabe que é falso, em benefício próprio ou de outros, para maximizar um ganho ou evitar uma perda” (p. 397). Portanto, a mentira é, no adulto, algo consciente, ou seja, aquele que mente sabe que está mentindo.
Ainda que mentir seja um ato com conotações negativas – afinal, mentir é feio –, é impossível encontrar uma pessoa que nunca o tenha feito. A mentira está presente em qualquer comunidade por ter um efeito de preservação social, sendo um fenômeno central dos relacionamentos interpessoais (MATIAS et al, 2015), surgindo por diferentes motivos (CARRETEIRO, 2004):
Receio das possíveis consequências
Insegurança ou baixa autoestima
Ganhos
Decorrente de causas patológicas
Em muitos casos, é possível identificar quando a pessoa está mentindo observando suas expressões faciais, seu comportamento, o nervosismo transmitido pela tonalidade da voz ou gagueira, contato visual, etc. (MATIAS et al, 2015). Ou seja, pela expressão corporal é possível saber se alguém está ou não mentindo.
Na infância, a mentira deve ser vista de uma outra maneira. Até a idade dos 6 a 8 anos, a criança ainda não tem claro a distinção do que é verdade e mentira, alterando sua realidade em função de suas fantasias, o que proporcionará a ela adquirir consciência de que seu mundo imaginário é interno e pessoal (GOMES; CHAKUR, 2005; MARCELLI; COHEN, 2010). Sendo assim, conforme se desenvolve, a criança descobre que não precisa dizer tudo e, também, que pode inventar histórias (MARCELLI; COHEN, 2010). Segundo Adrados (1970), no desenvolvimento infantil, a mentira aparece como:
Forma de ocultação de fatos que os adultos de seu ambiente condenem como errado ou ruim;
Medo da perda do amor e afeto do adulto;
Forma de compensar alguma falta;
Vaidade, exagerando vantagens sobre coisas que não possui, apenas para conseguir atenção;
Imitação do comportamento de adultos de sua referência, especialmente quando este adulto pede a colaboração da criança em alguma mentira própria.
Em geral, a criança mente porque há algo em seu meio ambiente que provoca isso: pais severos ou rígidos demais; pais que mentem; sentimentos de inferioridade pela falta de algo. Entretanto, cada caso é um caso particular, e deve-se estar atento à frequência com que a criança mente e sua funcionalidade.
Embora mentir seja algo que está na sociedade e que, quando na infância, a mentira está diretamente associada à imaginação, é importante que os adultos sejam referências positivas para a moralidade e ética em formação da criança. Eles devem guiar adequadamente as mentiras fantasiosas das crianças, e ajuda-las a canalizar sua imaginação. Além disso, é de extrema importância que haja colaboração de pais, professores e profissionais da Psicologia quando for percebida a mentira persistente. Sem nenhum tipo de intervenção, a criança cresce mentindo deliberadamente, e chega à pré-adolescência e adolescência com a clara intenção de prejudicar outras pessoas com mentiras (ADRADOS, 1970).
REFERÊNCIAS
ADRADOS, I. Estudo de casos: a mentira na criança. Arquivos brasileiros de psicologia aplicada. Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 41-47. 1970.
CARRETEIRO, R. M. A mentira. 2004. Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/ver_artigo.php?codigo=a0220>. Acesso em: 01 abr. 2019.
GOMES, L. R.; CHAKUR, C. R. S. L. Crianças e adolescentes falam sobre a mentira: contribuições para o contexto escolar. Ciências e cognição. Vol. 6, 2005.
MARCELLI, D.; COHEN, D. Infância e psicopatologia. 8 ed. São Paulo: Artmed, 2010.
MATIAS, D. W. S et al. Mentira: aspectos sociais e neurobiológicos. Psicologia: teoria e pesquisa. Brasília, v. 31, n. 3, p. 397-401. 2015.
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