POR QUE ELENA SE SUICIDOU? UMA REFLEXÃO PARA QUEM JÁ SE SENTIU SEM SAÍDA
- Rita Galindo
- 26 de abr. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 20 de jul.
Se você chegou aqui por estar passando por um momento difícil, saiba que VOCÊ NÃO ESTÁ SÓ. Este artigo é uma reflexão, e se quiser conversar ou entender mais sobre saúde emocional, clique aqui para conhecer meu trabalho.
"Falar sobre suicídio na adolescência é tocar em uma dor silenciosa que muitas vezes se esconde atrás de sorrisos, rendimento escolar ou comportamentos considerados difíceis".

Eu trago aqui uma reflexão sobre o documentário brasileiro, dirigido por Petra Costa. No filme, Petra retrata a história de sua irmã mais velha, Elena, que se suicidou quando tinha 20 anos. O drama é de 2012 e conversa diretamente com meu outro artigo, "Suicídio na adolesência".
QUEM FOI ELENA?
Petra monta seu documentário a partir de filmagens de sua irmã e narra como se estivesse conversando com Elena. A primeira aparição em vídeo de Elena é de quando ela estava com 13 anos, dançando. A imagem que se tem é de uma jovem vivaz, decidida em sua carreira de atriz e dançarina, que adora a irmãzinha. No entanto, a narradora aponta que, após a separação dos pais, Elena teve algumas mudanças.
Passados alguns anos, Elena segue para Nova Iorque para dedicar seus estudos nas artes cênicas, e, depois, passa a morar com a mãe e Petra na cidade estadunidense.
Então, por que Elena se suicidou? Embora não diga abertamente que Elena sofria de depressão, a narrativa e imagens demonstram claramente este fato: o vazio no peito, os diversos momentos em que não queria sair da cama, choros de profunda tristeza, desânimo, distanciamento de suas relações interpessoais e sociais, a vontade de deixar de viver.
DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA
Falar sobre suicídio na adolescência é tocar em uma dor silenciosa que muitas vezes se esconde atrás de sorrisos, rendimento escolar ou comportamentos considerados difíceis. A adolescência é um período marcado por intensas transformações emocionais, hormonais e sociais. É um momento em que tudo parece urgente, definitivo e, ao mesmo tempo, confuso. Para alguns jovens, esse turbilhão pode se tornar insuportável.
Muitos adolescentes não conseguem nomear o que sentem, e por isso se retraem, se isolam ou mudam seu comportamento de forma abrupta. Olhar com sensibilidade para esses sinais é essencial. Mais do que procurar respostas exatas, é preciso oferecer presença, escuta e acolhimento. Nem sempre é possível impedir uma dor, mas é possível não deixá-la crescer sozinha.
A VIDA APÓS O SUICÍDIO
Após uma primeira tentativa, Elena se suicida. O filme, então, aborda como foi para a mãe e Petra viver a perda repentina de Elena. Ambas têm muitas dificuldades: a mãe, aparentemente, sofre depressão, mas consegue manter sua firmeza, dentro do possível, para cuidar da filha mais nova; Petra, que estava com sete anos na época, demora para assimilar a morte da irmã.
A vida depois do suicídio de alguém próximo costuma ser marcada por uma mistura de sentimentos difíceis de nomear. Culpa, raiva, tristeza profunda e confusão se misturam com o silêncio deixado por quem partiu. É um tipo de luto que, muitas vezes, se vive em silêncio, carregando perguntas sem respostas e tentando lidar com a ausência de forma solitária. Cada lembrança pode vir acompanhada do que poderia ter sido diferente. Mas o tempo não volta e aprender a conviver com isso é um processo lento e delicado.
Mesmo que pareça impossível no início, a vida continua. Aos poucos, é possível reconstruir um novo sentido, ainda que ele nunca seja o mesmo de antes. Encontrar formas de ressignificar a dor, conversar sobre o que foi vivido, buscar apoio emocional e permitir-se sentir. Tudo isso ajuda a transformar a ausência em memória e o luto em cuidado. Não há prazo para superar, mas há caminhos para seguir. E ninguém precisa atravessar isso sozinho.

REFLEXÃO SOBRE O DOCUMENTÁRIO
O filme é bastante poético, com narrativa triste e saudosa. As imagens transmitem certa melancolia, acentuando a depressão que Elena vivenciou até sua morte. Para Petra e a mãe ficaram o sentimento de culpa e incredulidade.
A sensação que tive ao chegar na parte da confirmação da morte de Elena foi de tristeza. Foi um momento de reflexão para mim sobre tudo o que ela viveu nos últimos meses de sua vida, de como foi para ela lidar com a depressão e não ter encontrado outra saída para seu sofrimento. Elena não tinha mais forças e desistiu, assim como tantos outros jovens desistem da vida. Quanto a Petra, me parece que, com a concretização deste filme, ela, finalmente, elaborou seu luto. Ela mesma diz que encenou a morte delas, de Elena e dela mesma, para poder encontrar o caminho para viver.
O documentário é reflexivo e poético, com um ritmo mais lento e narrativas tristes, o que pode exigir empatia do espectador. É boa opção para entender como a depressão e o suicídio são assuntos pertinentes da sociedade e que necessitam de muita atenção e divulgação.
Falar sobre suicídio com responsabilidade e empatia é uma forma de cuidado coletivo. É abrir espaço para que a dor não precise gritar para ser ouvida. E, se houver dúvidas ou preocupações com alguém próximo, buscar ajuda profissional pode fazer toda a diferença.
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Vamos, juntos, compartilhar e divulgar saúde mental!
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