COMO SER FELIZ DE VERDADE: O QUE A CIÊNCIA, A VIDA E O AFETO ENSINAM SOBRE FELICIDADE
- Rita Galindo

- 21 de fev. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 12 de out.
"É importante lembrar que não existe uma receita única para ser feliz, e que não estar feliz o tempo todo não significa que algo está errado".

Falar sobre felicidade é entrar num território que mistura desejo, expectativa e, muitas vezes, frustração.
Muita gente procura a felicidade como se ela estivesse sempre um passo à frente, longe demais da própria realidade, quase como se fosse um privilégio para poucos. Mas será mesmo tão difícil assim ser feliz?
No primeiro artigo desta série, comentei que não existe uma única definição de felicidade. Para algumas pessoas, ela pode estar ligada a dinheiro, bens materiais ou conquistas visíveis. Para outras, mora nos momentos simples, nas relações sinceras ou na tranquilidade de um dia comum. O que é importante lembrar é que a felicidade não está, necessariamente, nos eventos externos. Ela parece ter mais a ver com o jeito como nos conectamos com a vida e com os outros.
Essa ideia vem sendo explorada por diversos estudos. Um deles foi conduzido pela psicóloga Jean Twenge e sua equipe nos Estados Unidos, entre 1991 e 2016. Eles acompanharam mais de um milhão de adolescentes ao longo dos anos, perguntando sobre seus níveis de felicidade e o que faziam no tempo livre. O resultado foi significativo: adolescentes que passavam mais tempo com amigos (presencialmente), praticavam atividades físicas, liam, participavam de encontros religiosos ou simplesmente faziam suas tarefas cotidianas relatavam ser mais felizes. Em contrapartida, aqueles que passavam mais de cinco horas por dia conectados, seja em redes sociais ou jogos online, apresentavam níveis menores de felicidade.
Outro estudo bastante conhecido é o da Universidade de Harvard, conduzido pelo psiquiatra e psicanalista Robert Waldinger. Esse é considerado o estudo mais longo já feito sobre felicidade e saúde! Por mais de 75 anos — e ainda em andamento! —, os pesquisadores acompanharam a vida de dois grupos de homens: estudantes universitários e jovens em situação de vulnerabilidade. A grande descoberta? “Bons relacionamentos nos mantêm mais felizes e saudáveis”.
Waldinger destaca três aprendizados centrais desse estudo:
conexões sociais são fundamentais; a qualidade dos vínculos é mais importante do que a quantidade; e relações saudáveis protegem não só o corpo, mas também o cérebro e a mente.
Esse mesmo caminho foi trilhado por outros estudiosos, como Myers e Diener, que já em 1996 mostravam como os relacionamentos significativos, os sorrisos espontâneos e a expressão de emoções positivas estão ligados a maiores níveis de felicidade (CAMALIONTE; BOCCALANDRO, 2017).
Com tudo isso, fica a reflexão: felicidade não é sinônimo de sucesso, de ter tudo sob controle ou de alcançar um ideal inalcançável. Ela parece estar mais presente em vínculos verdadeiros, em gestos cotidianos e em espaços de cuidado emocional. Dinheiro, reconhecimento e conquistas podem colaborar sim, mas dificilmente sustentam uma vida feliz se vierem desacompanhados de relações significativas.
Talvez a felicidade esteja menos em "ter" e mais em "estar com": consigo mesmo, com os outros e com o momento presente.
COMO SER FELIZ O TEMPO TODO?
É importante lembrar que não existe uma receita única para ser feliz, e que não estar feliz o tempo todo não significa que algo está errado. A vida real é feita de altos e baixos, e a felicidade pode aparecer de maneira sutil, entre uma tristeza e outra, nos momentos em que a gente se sente em paz ou simplesmente confortável por estar onde está. Idealizar uma vida sem dores ou dificuldades só aumenta a frustração e nos distancia do que é possível viver com verdade.
Outra armadilha comum cometida por quem procura como ser feliz é comparar a própria felicidade com a dos outros. Em tempos de redes sociais, onde quase tudo é filtrado e idealizado, é fácil achar que todo mundo está mais realizado, mais pleno, mais contente. Mas cada pessoa vive uma história diferente, com desafios que nem sempre são visíveis. Felicidade, nesse sentido, não é competição. É intimidade com o que se tem, com o que se é e com o que se deseja construir.
5 PRÁTICAS DIÁRIAS PARA CULTIVAR A FELICIDADE
A felicidade não é algo que se alcança, mas sim que se constrói diariamente, e o segredo está na constância: repetir boas práticas até que se tornem parte natural da rotina. Com o tempo, o cérebro se acostuma a enxergar o lado positivo da vida com mais facilidade.
Comece o dia com gratidão. Antes de olhar o celular, pense em três coisas pelas quais você tem gratidão. Essa simples prática ajusta o foco mental para o que se tem, não para o que falta.
Faça algo que te envolva completamente. Cozinhar, pintar, ler ou cuidar das plantas, o importante é se sentir presente na atividade. Isso estimula o engajamento e reduz a ansiedade.
Cultive relações significativas. Converse de verdade, sem distrações. Enviar uma mensagem sincera ou ouvir com atenção pode mudar o humor de um dia inteiro.
Reforce o seu propósito. Pergunte-se: “O que faz sentido para mim hoje?”. Mesmo as tarefas mais simples podem ganhar novo significado quando conectadas aos seus valores.
Celebre pequenas conquistas. Reconheça o que foi feito, por menor que pareça. Valorizar o progresso é o que mantém a motivação viva.
Por fim, vale considerar que buscar ajuda profissional também pode fazer parte desse caminho. Muitas vezes, o que impede alguém de sentir felicidade não é a falta de algo externo, mas dores internas que foram acumuladas, abafadas ou ignoradas. Terapia pode ser um espaço para entender essas dores, reorganizar o que parece confuso e criar um jeito mais leve e autêntico de viver. Ser feliz não significa estar bem o tempo todo, mas sentir que a vida, mesmo com suas imperfeições, faz algum sentido.
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Vamos, juntos, compartilhar e divulgar saúde mental!




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